A genética molecular avançou de forma surpreendente desde o início do Projeto Genoma Humano, em 1990. O rendimento do sequenciamento de DNA aumentou, segundo artigo1 publicado em janeiro deste ano no New England Journal of Medicine, de 1.000 pares de bases por dia para mais de 1.000 pares de bases por segundo. Paralelamente, dados do National Human Genome Research Institute, divulgados pelo Painel Abramed2, mostraram que paralelamente ao aumento da produção, o custo por genoma caiu drasticamente entre 2001 e 2019, passando de US$ 95,2 milhões para US$ 1,3 mil.
Em um cenário de crise sanitária como o que o mundo está vivenciando desde o início de 2020, muitos dos esforços da pesquisa genética acabam direcionados às demandas da pandemia. No Brasil, apenas 48 horas depois que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado no país, pesquisadores brasileiros sequenciaram o genoma do novo coronavírus. Na época, essa conquista foi muito divulgada, pois decifrar o código genético do vírus era fundamental para a melhor compreensão da disseminação da doença e para que potenciais mutações futuras pudessem ser identificadas.
E foi exatamente o que aconteceu. O novo coronavírus vem sofrendo mutações genéticas que seguem acompanhadas pelos pesquisadores por meio do sequenciamento genômico e servem de base para a construção de barreiras ao contágio.
Documento divulgado pela consultoria McKinsey3 sobre a relevância do sequenciamento genômico como ferramenta para o combate à COVID-19, reforça que sem esses dados, as autoridades ficam cegas quanto às mutações, o que impacta diretamente no controle da crise sanitária. Segundo a publicação, entre as iniciativas fundamentadas no sequenciamento estão a realização de ações de saúde pública; a condução mais eficiente de investigações quanto à transmissão e a taxa de evolução; e a avaliação da eficácia em tempo real das medidas adotadas.
Na saúde pública brasileira, a Rede Genômica Fiocruz4 está junto com o Ministério da Saúde em um projeto de sequenciamento de amostras do novo coronavírus em todo o território nacional. Para isso, são utilizados três laboratórios centrais (Lacens) que estão aptos a realizar essa tarefa. Segundo divulgado pela entidade, até o momento foram realizados cerca de 3,6 mil sequenciamentos do genoma do Sars-CoV-2 no Brasil e mais de 60 linhagens do novo coronavírus já foram identificadas no país.
No setor privado, sequenciamento genômico está entre as principais atividades das empresas. Utilizando essa metodologia, por exemplo, a Dasa5 foi a rede responsável por confirmar os dois primeiros casos da variante do Reino Unido no Brasil (cepa B.1.1.7). Já o Fleury atuou em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, em um estudo inédito publicado em julho de 2020 na Revista Science sobre a forma como o novo coronavírus começou a se espalhar no território brasileiro.
Fonte: Notícias Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) – 13.4.2021
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