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“Nosso foco é ensinar ao aluno os princípios da Biologia Molecular.
Ele não precisa sair da faculdade para ver como é. Ele tem contato com o paciente, a coleta, a análise, a obtenção do resultado de um caso real e, com isso, une a teoria à prática.”


Paulo Celso Pardi

Professores e alunos de Biomedicina realizam exames de paternidade
Seqüenciador de DNA é utilizado nas aulas práticas ao mesmo tempo em que a comunidade é atendida
nir ensino prático para alunos de Biomedicina e atendimento à comunidade. Este é o objetivo dos biomédicos Gildo dos Santos Júnior e Carla Manabe Wolkoff, professores da Universidade Bandeirante (Uniban), que operam o seqüenciador de DNA ABI 310 e realizam de 30 a 40 testes de paternidade por mês. O seqüenciador, que pertencia ao Instituto de Criminalística, foi adquirido por US$ 80 mil e o laboratório começou a funcionar em fevereiro deste ano. “Desde junho fazemos testes de vínculo genético, mediante cartas de juízes e médicos”, explica outro biomédico, Paulo Celso Pardi, coordenador do curso de Biomedicina.
O aparelho, único disponível em faculdades da cidade de São Paulo, é utilizado também para exames de HIV e HPV e atende a linhas de pesquisa dos docentes da instituição — o seqüenciador tem tantas utilidades que também faz testes de sexagem de aves para o curso de Veterinária. É com ele também que os alunos de Biomedicina fazem estágio, realizando testes subsidiados para indivíduos de baixa renda. “Nosso foco é ensinar ao aluno os princípios da Biologia Molecular. Ele não precisa sair da faculdade para ver como é”, explica Pardi. “O aluno tem contato com o paciente, a coleta, a análise, a obtenção do resultado de um caso real, e com isso une a teoria à prática.”
Área forense – Outra utilização do aparelho é na área forense, com a análise de DNA a partir de dentes ou ossos. “Criamos cenas de crimes para o aluno treinar”, conta o coordenador.

 



A partir de um convênio com o Instituto de Criminalística, são ensinados princípios básicos da Toxicologia Forense, Entomologia Forense e Biologia Molecular Forense. “Não queremos transformar o aluno em perito, mas mostrar como se utiliza a Biologia Molecular nessa área”, acrescenta Pardi.
O fato de o aluno realizar estágio de uma forma controlada pelos próprios professores é ressaltado pelo coordenador como uma das grandes vantagens do projeto. Os dois professores que manipulam o aparelho têm formação específica: Gildo dos Santos Júnior é doutor em Infectologia pela Escola Paulista de Medicina e Carla Manabe Wolkoff é especialista em Educação e Saúde.

Ampla experiência em formação e coordenação de cursos
biomédico Paulo Celso Pardi tem ampla experiência em formação e coordenação de cursos. Formado pela Universidade de Mogi das Cruzes em 1987, realizou mestrado (92) e doutorado (2000) em Morfologia pela Escola Paulista de Medicina. Sua primeira experiência profissional foi como professor do Colégio Salete, que pertence à Uniban, de 87 a 94.
Em 94, Pardi começou a lecionar na Faculdade de Ciências Médicas de Santos, onde foi fundador e primeiro coordenador do curso de Biomedicina no Centro Universitário Lusíadas. Em 2001, foi contratado pela Uniban primeiro como assessor da Pró-Reitoria administrativa e depois como assessor da Pró-Reitoria acadêmica. Desde agosto de 2004, tornou-se coordenador do curso de Biomedicina e hoje é coordenador acadêmico do campus da Rua Maria Cândida (Zona Norte de São Paulo), que engloba ainda Farmácia, Fisioterapia, Educação Física e Nutrição — só a Odontologia tem um coordenador separado. Sob a responsabilidade de Pardi, são 390 alunos de Biomedicina na Maria Cândida e 200 na unidade do ABC.
Ligas acadêmicas – Uma de suas principais realizações na instituição, além da formação do Laboratório de Biologia Molecular, é a criação de ligas acadêmicas. “Logo que assumimos, tínhamos a visão de que deveria haver grupos de alunos de anos mais avançados para passar conhecimentos para outros de anos inferiores”, lembra. Assim, foram criadas desde o ano passado as Ligas de Ciências Forenses, Hematologia e Hemoterapia, além de Terapias Complementares. “A liga congrega alunos de vários anos e eles buscam, com o auxílio de um professor-coordenador, informações até para definir seu futuro profissional”, explica.
A Liga de Ciências Forenses é a que mais utiliza o Laboratório de Biologia Molecular. A de Hematologia já promoveu duas coletas de sangue para a Santa Casa de São Paulo, visando a descoberta de possíveis doadores de medula óssea. Já a de Terapias Complementares desenvolve, com o Centro de Reabilitação, técnicas de reiki para pacientes com paralisia cerebral. Na unidade do ABC, há uma Liga de Biofísica, por causa da facilidade de utilização do aparelho de raio X do Hospital de Veterinária.

“Ao assumirmos, tínhamos a visão de
que deveria haver
grupos de alunos de anos mais avançados para passar conhecimentos para outros de anos inferiores. Assim,
foram criadas as ligas.”


Paulo Celso Pardi

Pardi defende a criação da residência em Biomedicina
reocupado com a melhoria da formação do biomédico, Paulo Celso Pardi defende a instituição da residência em Biomedicina, assim como já existe na Medicina. “Acredito muito que nós logo estaremos qualificando nossos biomédicos recém-formados dessa maneira”, afirma.
Pardi acredita que a residência será um diferencial do biomédico em relação a outros profissionais. “Ela vai qualificar e aumentar o o número de empregos, já que só a formação não é suficiente, e entre essa formação e a especialização é necessária a residência”, avalia. “Assim como o mestrado e o doutorado são fundamentais para o professor, para trabalhar num hospital a residência seria fundamental também”, compara.
O coordenador considera que hoje a entrada do biomédico no mercado de trabalho está ligada a sua habilitação. “O mercado prefere profissional que tenha grande conhecimento da Ciência Básica e das Ciências Aplicadas”, explica. Um exemplo disso é a docência. “Essa é uma profissão que tem de voltar a ser explorada, porque há muitas faculdades”, argumenta. “Quanto mais biomédicos forem formados em Ciências Básicas para serem professores nesses cursos que estão sendo criados, melhor.” Aí, haverá a seleção qualitativa, quando se procurará saber onde o profissional foi formado, o que teve em sua formação, se recebeu iniciação científica e se foi estimulado a desenvolver projetos e participar de seminários.

“A residência será um diferencial do biomédico em relação a outros profissionais e ela vai qualificar e aumentar o número de empregos, já que só a formação não é suficiente.”


Paulo Celso Pardi