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Dignidade não se negocia

Marco Antonio Abrahão

ão poderíamos estar mais felizes. Afinal, o IX Congresso Brasileiro de Biomedicina, realizado pela Associação Paulista de Biomedicina, com o apoio do Conselho Regional de Biomedicina e do Núcleo da Saúde do UniFMU, superou as mais otimistas expectativas. O evento científico está sendo apontado como o maior e melhor de toda a história da categoria e isso nos envaidece, já que fomos o presidente da Comissão Organizadora.
Efetivamente, foram superados muitos desafios para que o congresso se tornasse realidade. Na verdade, fomos colocados à prova. Como se não bastassem as grandes dificuldades econômicas pelas quais o país está passando — desemprego, recessão, arrocho salarial, juros elevados, dívidas, paralisia de atividades, falta de financiamento, inadimplência, incertezas, pessimismo, desesperança, inflação, escândalos, etc. —, a essa crise se somou a absoluta falta de apoio dos laboratórios, da indústria nacional e internacional e dos distribuidores de insumos e equipamentos. Diante disso, o processo de organização do evento sofreu momentos de estagnação.
Conseguimos, porém, reunir forças e elaboramos, com muita dignidade, um evento com um conteúdo programático excelente, que contou com a participação de várias dezenas de palestrantes da mais alta qualidade em temas de elevado nível de interesse.
A resposta veio na forma de nscrições. Ficou assim mais uma vez comprovado que ainda existem pessoas e instituições absolutamente sérias, que realizam as tarefas que se propuseram a desenvolver e não negociam em hipótese alguma a dignidade.
Assim, a coletividade biomédica conquistou o máximo que foi possível oferecer dentro das inúmeras dificuldades que o país enfrenta.
Fica, porém, bastante claro que, se tivermos apoio da categoria,

poderemos dar seqüência a realizações dessa envergadura,
até que a outra parte da sociedade entenda e também prestigie.
Somos 1.400 empresas com potencial de compra e, quando nós, biomédicos, não estamos na direção, somos responsáveis pela indicação. Por outro lado, também somos formadores de opinião.
Os gestores, no entanto, ainda não se aperceberam disso.
Mas, desde a última edição do Congresso Brasileiro de Biomedicina, realizada em Recife em 2002, trabalhamos muito para que este evento científico se transformasse de fato em um verdadeiro marco para a profissão. Conseguimos realizar o primeiro congresso no qual os participantes puderam optar por outras áreas além da Patologia Clínica, como no caso de Citologia, Imagenologia, Acupuntura e Gestão.
E agora, superados todos os desafios, não temos dúvida em afirmar que esse congresso passa a representar um marco na história da Biomedicina. Além do que servirá de base segura para realizações futuras, pois dispomos de experiência e visão ampla no que se refere à melhor organização.
A grandiosidade do congresso nos leva a apresentar esta edição especial da Revista do Biomédico, cujo objetivo é procurar dar uma visão panorâmica do que foi o importante acontecimento. De qualquer forma, na próxima edição retornaremos o assunto, divulgando, inclusive, os resultados de uma pesquisa realizada durante os cursos, palestras, mesas-redondas, fóruns e workshops.
Enfim, superamos desafios, alcançamos nossos objetivos, ganhamos a confiança dos profissionais biomédicos e esperamos que todos estejam cada vez mais conscientes do importante papel que ocupam na área de saúde e no seio da sociedade.


Marco Antonio Abrahão
é presidente do CRBM – 1ª Região