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Superlaboratórios pesquisam
vírus perigosos
Primeira de 12 áreas de Nível de Biossegurança 3 é inaugurada
em laboratório do Recife.
Brasil começou a implantar em março uma rede de áreas de Nível de Biossegurança 3 (NB3) nos laboratórios de saúde pública vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira unidade NB3 do país foi inaugurada dia 2 daquele mês pelo ministro da Saúde, Humberto Costa, no Recife (PE), no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em breve, outras duas unidades darão início as suas atividades, uma no LACEN do Ceará, instalado em Fortaleza, e outra no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, a maior delas.
Cada unidade laboratorial NB3 consiste numa área especial instalada e equipada para o desenvolvimento e execução de estudos relacionados ao diagnóstico e a detecção de agentes de alto risco de contaminação para humanos, tais como o vírus que provoca a hantavirose ou a bactéria do antraz
“O NB3 é o máximo em biossegurança e vai permitir o atendimento de qualquer situação de emergência, com a instalação e pessoal preparado para manipular e diagnosticar contaminantes como antraz e vírus da gripe do frango”, afirma o ministro Humberto Costa.
Além disso, as áreas NB3 no Brasil serão referência importante para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e América Latina, pois representarão o fortalecimento da vigilância epidemiológica em toda a região, em especial para doenças de transmissão respiratória, provocadas por vírus, bactérias e fungos que pertencem a Classe de Risco III ou que, por exigência metodológica, exijam o aumento da concentração desses agentes biológicos. Desta forma, os agentes não podem ser manipulados em ambientes sem as adequadas estruturas física e tecnológica.
Ao todo, serão instaladas 12 áreas em unidades da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (ver quadro), formada por Laboratórios Centrais (LACEN), vinculados às Secretarias de Estado da Saúde (SES), e também por instituições de Referência Nacional, vinculados ao Ministério da Saúde. Cada unidade terá entre 150 e 250 metros quadrados, ao custo de aproximadamente R$ 2,5 milhões cada uma, perfazendo investimento de cerca de R$ 30 milhões.
Das 12 áreas em construção, nove ficarão prontas neste ano e três, em 2005. A implantação da rede NB3 integra a Política Nacional de Biossegurança, em prática desde o ano 2000.
Com a finalização das obras no Recife, tem início a capacitação dos pesquisadores com acesso às áreas NB3. O curso é ministrado por técnicos dos Centers for Desease Control and Prevention (CDC), órgão do governo norte-americano responsável pelo controle e prevenção de doenças nos Estados Unidos, e uma das mais importantes instituições em epidemiologia no mundo. Entre os temas da capacitação estão segurança geral em laboratório, segurança química, níveis de biossegurança 1, 2 e 3, descontaminação, tratamento de resíduos, respostas a emergências, procedimentos de entrada e saída do ambiente NB3 e comunicação em momentos de crise, entre outros.
Para a definição dos locais, o Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), utilizou critérios epidemiológicos, de capacidade técnica já instalada, demanda e região geográfica. A definição dos projetos ocorreu em 2002 e a construção e implantação da primeira rede de áreas NB3 foi iniciada já em 2003.

Autonomia – A construção da rede NB3 no Brasil elevará significativamente a capacidade tecnológica do SUS no diagnóstico de doenças provocadas por agentes perigosos, sejam elas emergentes ou re-emergentes.
Outro fato a ser ressaltado é a autonomia que o Brasil passará a ter na realização de atividades diagnósticas que, antes, exigiam o envio de amostras para laboratórios fora do país. Para os profissionais de saúde da rede laboratorial do SUS, as áreas NB3 oferecerão as adequadas condições de trabalho para a manipulação de vários agentes infecciosos.
O recurso aplicado é proveniente do Projeto Vigisus, cujo objetivo é acelerar a estruturação e o aprimoramento da vigilância epidemiológica no país. Para a execução deste trabalho, a SVS conta com empréstimo do Banco Mundial, responsável por 50% do orçamento do projeto – o restante é bancado pela União.