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Os desafios do novo ministro da Saúde
Humberto Costa mostra a prioridade de sua pasta e admite mudar a lei dos planos de saúde.
novo ministro da Saúde, o médico Humberto Costa, anunciou que será um “instrumento” da transformação social defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as prioridades, prometeu reforçar as ações voltadas à melhoria da saúde da mulher, reduzir ainda mais a mortalidade infantil, melhorar o atendimento aos usuários do SUS, ampliar a distribuição de medicamentos e ser firme nas negociações de preços com a indústria farmacêutica.
Humberto Costa falou sobre o desafio que tem pela frente. “Ao mesmo tempo em que eu assumo com a certeza e a consciência dessa responsabilidade, assumo também com uma outra certeza, a certeza de que serei capaz junto com a minha equipe, com apoio, não só dos que estão, mas com todos aqueles que lidam com a saúde do nosso País de realizar um bom trabalho. Espero que, ao final desses quatro anos, possamos fazer um balanço mostrando que a condição de saúde da nossa população mudou de forma bastante significativa”, disse. “Essa confiança não vem de auto-suficiência ou de uma visão de que eu seja mais ou menos capaz de quem quer que seja. Ela vem da minha consciência de que sou instrumento de transformação, de uma geração que

sonhou em construir nesse País uma política de saúde com inclusão e vida saudável para a nossa população”, acrescentou.

"Espero que, ao final desses quatro anos, possamos fazer um balanço mostrando que a condição de saúde da nossa população mudou de forma bastante significativa."

Humberto Costa - ministro da Saúde

O ministro destacou que sua gestão será marcada pelo diálogo com os diversos setores da área da saúde. Nessa linha, anunciou que participará de todas as reuniões do Conselho Nacional de Saúde (principal órgão de controle social na área de saúde reunindo, entre outros, representantes dos usuários do

SUS, centrais sindicais e prestadores de serviços públicos e privados).

Perfil — Humberto Costa, 45 anos, é médico, com pós-graduação em Medicina Geral Comunitária, Clínica Médica e Psiquiatria. Sua formação acadêmica se deu na Universidade Federal de Pernambuco, com pós-graduação em medicina geral comunitária (1983) e psiquiatria (1986); bem como na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, com pós-graduação em clínica médica (1987). Além da formação médica, Humberto possui também o diploma de jornalista pela Universidade Católica de Pernambuco. Presidiu a Associação Pernambucana de Médicos.
É um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco, do qual foi presidente, secretário-geral e vice-presidente regional. Atualmente, é membro da executiva nacional do partido. Ex-vereador, deputado estadual e federal, Humberto Costa foi secretário de Saúde do Recife entre janeiro de 2001 e março de 2002. Nascido em Campinas (SP), em 7 de julho de 1957, Costa foi morar com a família em Recife aos 7 anos e construiu toda a sua vida profissional e política em Pernambuco. O ministro é pai de três adolescentes de 19, 17 e 14 anos.

Planos de saúde: um balanço
novo governo, como antecipou Humberto Costa, pretende fazer um balanço dos oito anos de vigência da lei dos planos de saúde. Como deputado ele participou ativamente da elaboração da lei e agora percebe que ela afeta consumidores e operadores. “Tem muito problema nessa área. Os consumidores não têm seus direitos garantidos, não é boa a relação entre prestadores de serviços e operadoras e nos preocupa a saúde financeira dos planos. É preciso chegar ao consenso e, depois, poderemos até mudar a lei.”
O ministro também diz que o governo rediscutirá o papel das agências reguladoras, como as de Saúde Suplementar (ANS) e a de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Elas extrapolaram seu papel de só regular. Hoje elas formulam políticas para os setores, o que é um papel do ministério. Elas podem até normatizar, mas desde que seja de acordo com o que pensa o governo.”
Humberto Costa sabe que a população acredita que o governo do PT garantirá a todos assistência à saúde e com qualidade. Ele considera que mesmo
diante da escassez de recursos é possível fazer muita coisa. “Ainda que limitados, os recursos são crescentes por conta da emenda constitucional 29 e temos alguns empréstimos já acertados. O programa de saúde da família começa a receber US$ 250 do Banco Mundial para investir em infra-estrutura e contratar pessoal. Tem recursos do Aids 3, além de US$ 4,5 também do Banco Mundial para saúde, assistência social e educação que poderão ingressar a partir do meio do ano, dependendo da nossa rapidez em realizar os projetos.”