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crianças que moram perto de uma antiga refinaria
de chumbo em Adrianópolis, leste do Paraná,
estão contaminadas por chumbo, mas não há
sintomas evidentes de intoxicação. Esta é
a principal conclusão da tese de doutorado Exposição
ao Chumbo em Áreas de Mineração do
Vale do Ribeira: Brasil, da biomédica Mônica
Maria Bastos Paoliello. Os níveis médios de
chumbo no sangue das crianças passaram dos 10 microgramas
por decilitro, limite estabelecido pelo Center for Disease
Control (CDC), de Atlanta (EUA). O chumbo está
presente, mas os exames médicos e clínicos
não apontaram sintomas evidentes de intoxicação,
afirma a professora. Mas as crianças continuam
sendo examinadas, para se verificar se haverá conseqüências
negativas, esclarece. A tese teve repercussão
nacional e foi levada também a congressos internacionais.
Mônica é professora do Departamento de Patologia
Aplicada, Legislação e Deontologia do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade Estadual
de Londrina (UEL), no Paraná, mas desenvolveu sua
tese de doutorado, concluída em abril do ano passado,
em Saúde Coletiva no Departamento de Medicina Preventiva
e Social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
em São Paulo.
A tese começou a ser estruturada em |
1998, com o objetivo de fazer
o primeiro estudo de exposição humana na região.
O Vale do Ribeira recebeu muitas empresas de mineração
e uma refinaria de chumbo no século passado, atividades
que foram encerradas em 1995. A partir dos anos 70, começaram
os primeiros estudos ambientais. Desta vez, os estudos
foram conduzidos por um grupo composto por biomédicos,
médicos e geólogos, enumera Mônica.
A Toxicologia como ciência já pressupõe
atividades multidisciplinares, porque os problemas geralmente
são complexos.
Atenção Os resultados da
pesquisa chamaram a atenção de autoridades
e
"Os estudos foram conduzidos
por um grupo composto por biomédicos, médicos
e geólogos.
A Toxicologia como ciência
já pressupõe atividades multidisciplinares,
porque
os problemas geralmente são complexos."
Mônica Maria
Bastos Paoliello, biomédica, professora
da Universidade Estadual de Londrina
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da população,
e Mônica teve de ir várias vezes à Assembléia
Legislativa do Paraná, além de conversar com
prefeitos da região e representantes da população
para esclarecer a situação. O trabalho foi
aprovado pela Fapesp, que quer estender o estudo para outros
metais no médio Vale do Ribeira (o estudo de chumbo
foi realizado no alto Vale).
O interesse despertado pela tese na área acadêmica
foi enorme. Parte dela foi publicada no livro Ecotoxicologia
do chumbo e seus compostos, lançado pelo Centro
de Recursos Ambientais do governo da Bahia, e faz parte
da série Cadernos de Referência Ambiental.
Mônica também escreveu um artigo publicado
na revista americana Environmental Research e o capítulo
Chumbo, do livro Metais: Gerenciamento
de Toxicidade, da Editora Atheneu, no prelo.
A biomédica ainda deu palestras sobre o tema em congressos
no Uruguai (Curso Toxicologia Ambiental de los Metales),
no Chile (Metales, Salud e el Medio Ambiental) e na Austrália
(9º Congresso Internacional de Toxicologia), e seu
trabalho será apresentado no congresso Heavy Metals,
no final de maio, em Grenoble (França), além
de ser publicado na revista do evento. |